por entre um vento moribundo,
a minha alma soprou,
os pós da minha loucura,
acumulados na armadura,
onde o tempo me fechou...
soltos e enfurecidos,
voaram decididos,
rumo ao meu coração,
não chegaram lá por acaso,
eles sabiam do atraso,
que tinha a minha ilusão...
a vida não me trazia mistério,
olhava-a de um jeito sério,
de quem já nada tem a perder,
quando só a razão impera,
o coração já não espera,
outra forma de bater...
puro engano me trazia
essa vida tão vadia,
que de mim só sabia fugir,
eu atras dela já não ia,
desisti da doce fantasia,
dela não mais querer partir...
a verdade nem sempre dói,
apenas docemente distrói,
os sonhos que nunca sonhámos,
quem não conhece o amor,
não pode sentir qualquer dor,
quando nele apenas pensamos...
os pós da minha alma,
tiraram de mim a calma,
quando te desenharam em mim,
eu de ti nada sabia,
só a tua alma conhecia,num esboço sem ter fim...
a inquietude do olhar,
queria tanto te encontrar,
para acalmar a tempestade,
deste amor que existia,
sem rosto que na melancolia,
mudara a minha realidade...
Quando por fim o destino,
num rasgo de luz tão fino,
iluminou o teu rosto
eu soube naquele instante,
que eras o amor viajante,
que à vida traria gosto...
Tive-te entre os meus dedos,
que já conhecia os teus segredos,
sem nunca te ter tocado,
este amor não é de agora,
trouxe-te pela vida fora,
no meu peito desenhado...
*** Ártemis ***
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