que eu irei sem hesitar ,
tu não sabes o que eu gosto,
quando me queres castigar...
eu subirei ao teu mastro,
quantas vezes forem precisas,
tu nem imaginas o quanto é bom,
cada vez que me castigas...
Sento-me eu no caralho*,
e de lá eu vejo o mundo,
balanço-me ao som das ondas,
desse teu mar tão profundo...
esse teu mastro é seguro,
sei que não vou de lá cair,
sentada no teu caralho*,
só o sono não me há de vir...
Busco eu lá do alto,
terras novas além mar,
estatelada no caralho*,
dou comigo a divagar...
mas que castigo é esse,
que mais me parece prazer,
lá do alto do teu mastro,
é que eu gosto de te ver...
Fico eu de vigia,
de olhos arregalados,
enquanto no caralho* me enterro,
para o mal dos meus pecados...
Dizem as más línguas,
que o caralho* é zona de instabilidade,
só fala assim quem não sabe,
da missa nem se quer metade...
Provem que ainda há tempo,
e venham falar depois,
existem coisas do caralho,
que só se descobrem a dois!
*** Ártemis***
Caralho* :Segundo a Academia Portuguesa de Letras, "CARALHO" é a palavra com que se denominava a pequena cesta que se encontrava no alto dos mastros das caravelas, de onde os vigias prescrutavam o horizonte em busca de sinais de terra.
O CARALHO, dada a sua situação numa área de muita instabilidade (no alto do mastro) era onde se manifestava com maior intensidade o rolamento ou movimento lateral de um barco.
Também era considerado um lugar de "castigo" para aqueles marinheiros que cometiam alguma infracção a bordo. O castigado era enviado para cumprir horas e até dias inteiros no CARALHO e quando descia ficava tão enjoado que se mantinha tranquilo por um bom par de dias.
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